Por: Dra. Milena Gurgel Teles Bezerra?
A Federação Internacional do Diabetes estima que, em 2025, a prevalência de diabetes mellitus na população brasileira deva ficar em torno de 14% a 20%, superior à dos Estados Unidos no mesmo ano, calculada em 10% a 14%. Essas estimativas, combinadas ao longo período assintomático que caracteriza o tipo 2 da doença, fundamentam a necessidade de rastreá-la e diagnosticá-la precocemente.
Ademais, a estratégia contribui para postergar e até evitar o aparecimento de complicações crônicas do diabetes, que estão diretamente relacionadas ao tempo de hiperglicemia, bem como para identificar e monitorar indivíduos com pré-diabetes. Nessas pessoas, afinal, medidas de modificação de estilo de vida, como a manutenção de uma alimentação saudável e a prática de atividade física, associadas a intervenções medicamentosas, podem retardar ou prevenir a evolução do quadro para diabetes.
Com base nesses fatos, o rastreamento do DM2, segundo a American Diabetes Association (ADA), precisa ser feito em todos os indivíduos a partir de 45 anos de idade ou em pessoas de qualquer idade com IMC igual ou superior a 25 kg/m2, desde que haja algum fator de risco (tabela 1).
A investigação pode ser realizada por meio da medida da glicemia de jejum (GJ), do teste oral de tolerância à glicose com 75 g (TTGO) e, mais recentemente, da dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c) (tabela 2). Na ausência de hiperglicemia inequívoca, resultados condizentes com o diagnóstico em qualquer um desses testes requerem confirmação por uma segunda dosagem. Da mesma forma, o achado de valores discordante implica a repetição do exame alterado.
E diante de alteração na glicemia casual?
Em pacientes com sintomas de diabetes, tais como poliúria, polidipsia e perda de peso inexplicada, valores de glicemia maiores que 200 mg/dL configuram o diagnóstico da doença, razão pela qual não há necessidade de repetição do exame nessa situação. Nos demais casos, porém, uma dosagem alterada deve ser confirmada em outra ocasião.
Tabela 1. Fatores de risco para o DM:
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Tabela 2. Interpretação dos testes para rastreamento de DM2:
Glicemia de jejum | Glicemia aos 120 minutos após 75g de glicose | HbA1c | |
Normal | < 100 mg/dL | < 140 mg/dL | < 5,7% |
Pré-diabetes (Glicemia de jejum alterada)
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100 a 125 mg/dL | < 140 mg/dL | 5,7 a 6,4 % |
Pré-diabetes (Tolerância diminuída à glicose)
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< 100 mg/dL | 140 a 199 mg/dL | 5,7 a 6,4 % |
Diabetes mellitus | > ou = a 126 mg/dL | > ou = a 200 mg/dL | > ou = 6,5 % |
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